quarta-feira, janeiro 04, 2006

O meu Bairro

Campo de Ourique é e será sempre um bairro histórico da cidade de Lisboa. A sua história tem como apogeu a época republicana do início do século passado, mas passa inevitavelmente pelas lutas estudantis contra o regime salazarista.
Os seus cafés que outrora serviram de espaços de tertúlia política, e projectos de acção contra o regime ditatorial, são hoje locais frequentados pelos filhos desses mesmos lutadores pela liberdade, que se cruzam, preferencialmente aos fim de semana, muitos deles já com os seus próprios filhos.
Esta linha geracional faz e cria muito da vida de Campo de Ourique.
Mas, Campo de Ourique é mais que esta orientação familiar, é também o seu mercado único, como Miguel Sousa Tavares escrevia à meses no Público, na medida em que em que possui quatro entradas definidas pelos pontos cardeais, onde se adquire bons produtos, e que com o desenvolvimento da vida global, tem sofrido quebras de visitantes e consequentemente quebras financeiras nos proprietários dos lugares, mas que continua a resistir bravamente aos grandes centros comerciais, porque a sua qualidade é infinitamente melhor que um qualquer supermercado de fim de rua.

Costuma-se dizer, que Campo de Ourique é um bairro ímpar, que até possui uma Casa de Colarinhos, ou seja, que tudo o que se precisa se encontra aqui. E tem por isso, estabelecimentos conhecidos por toda a cidade. Não querendo menosprezar nenhum, à cabeça vem nomes como, a livraria Ler, os tecidos do Vidal, o Café Canas, a livraria Barata, a casa Fernando Pessoa, o Eduardo dos Livros, o café Ruacaná, a “velhinha” pastelaria Aloma, as várias lojas da Ferreira Borges, os seus barbeiros tradicionais, onde ainda se faz a barba com navalha, as imensas sucursais bancárias.
E se nos últimos anos, foi um bairro afectado pela proximidade ao maior mercado de droga da cidade conseguiu sempre impor a sua ordem na vida lisboeta, continuando a ser um bairro falado pela positiva, porque sempre se blindou a esses problemas sociais do mundo moderno.

E depois, bem depois, é um bairro cultural, de artistas e artesãos, que tentaremos ao longo das próximas edições do Boletim da Junta, recordar nas suas páginas.

Viver em Campo de Ourique é bom, é bonito, e apesar de todos os seus problemas de estacionamento (talvez o maior de todos), as pessoas não deixam de gostar de aqui viver, transformando o mercado imobiliário num dos mais caros da cidade de Lisboa.

Por tudo isto, e por mais algumas razões, que com o tempo aqui enunciarei, o nosso trabalho na Junta torna-se ainda mais importante e com importâncias acrescidas, para continuar a proporcionar este bem-estar de quem aqui reside e de quem aqui passa.

Por tudo isto, e por mais algumas razões, que com o tempo aqui enunciarei, o nosso trabalho na Junta torna-se ainda mais importante e com importâncias acrescidas, para continuar a proporcionar este bem estar de quem aqui reside e de quem aqui passa.